sábado, 31 de outubro de 2009

As crianças são umas fofas

Claro que sim. Claro que são. Eu tenho duas. Dava a minha vida por elas. São minhas. Amorosos, bem educados, não gritam, não fazem birras no supermercado, reconhecem o nosso olhar de reprovação quando o caso está mal parado, e tudo e tudo e tudo... Mas, e aqui entra o grande problema, são as crianças dos outros. E a dimensão torna-se assustadora, quando moram por cima de nós, são gémeos e correm para a frente e para trás o dia todo. Literalmente. A vida desta familia não é fácil. Perderam a mãe com meses de vida. Ficou um pai e três crianças. Desolados.Os avós vieram para tomar conta deles. Uma semana os avós paternos, outra semana os avós maternos. O reboliço instala-se quando eles se apercebem das cedências que são feitas por ambas as partes, porque afinal são-os-meninos-que-não-têm-mãe. Sem que eles próprios tenham esta terrivel noção, e como qualquer criança, desafiam tudo e todos, com birras e outras coisas que nem consigo definir. No Verão desapareceram: "- Foram passar férias para o Norte com os avós!". O descanso regressou ao 2º andar Direito. Vinha mesmo a calhar. A princesa II era muito mini, recém-nascida e precisava de descanso. A princesa I, eu própria, recém-mamã de dois bebés também precisava de descanso. Passou Junho, Julho, Agosto e Setembro e os miúdos nada. Hoje comentávamos isso quando de repente...Ouvimos correr, duas corridas, para a frente e para trás. Barulho! Imenso barulho!"- Voltaram? Ouviste? Ai meu Deus!" (vale sempre a pena invocar o divino perante tamanha calamidade!).Com eles também devem ter regressado os que acham que eles não precisam de repreensões, porque a vida já foi muito má para eles. Não faz mal correr com os sapatos do pai ou atirar coisas pela janela. Não sabem, contudo, que as crianças vão desafiando os limites dos adultos para poderem aprender qual é o seu lugar na familia e mais tarde na vida.

Neste momento aqui nesta pessoa reina o mau humor. Nada de más interpretações. Os miúdos são miúdos e pronto. Os meus são sossegaditos hoje, amanhã não sei. Mas reina o mau humor porque se com um ano eles eram uns ...enfim... agora estão mais velhos e ... nem sei o que vem por aí.

Depois de "Tudo o que és para nós!"

Quando encontrei a minha professora primária e ela, com uma imensa saudade, apenas me disse: "- As tuas redacções! Como é que me vou esquecer delas?", parei para pensar no quanto gostava de escrever e principalmente há quanto tempo não o fazia. Vieram os filhos, já são dois, a faculdade, o trabalho, os-dias assim-a-atirar-para-o-cinzento, como todos temos, e milhões de desculpas para não fazer o uma coisa que me dava imenso prazer, escrever. As ditas redacções incluíam ganhar o Totoloto e fazer uma viagem até às Américas, onde pelo caminho o George Michael, ainda bastante másculo (ou não), fazia parte dos nossos imaginários e me acompanhava até já não sei bem onde.

Por isso aqui, estou cheia de tudo e de nada. Sabendo que porque sim não é mesmo resposta para tudo.